capítulo 8

Descemos em solo brasileiro as onze da manhã, pegamos nossas malas, fizemos o check-out e fomos até o ponto de táxi ali da porta. Quando chegamos em casa obriguei o Ruan a levar minha mala e ele foi resmungando.

Regina: só reclama esse menino -veio da cozinha secando a mão num pano de prato.

Ruan: vai começar tudo de novo -revirou os olhos e nós duas rimos, minha tia abraçou e beijou ele e depois fez o mesmo comigo. Contamos pra ela tudo que fizemos, ou pelo menos quase tudo, e depois subi pra me arrumar que ainda tinha que ir pra faculdade. Ajeitei minha mochila, liguei pro Pedro e quando desci só fiz almoçar e parti pra facul, minha vontade era de capotar lá mesmo mas o que me da forças para continuar é saber que só falta um mês, portanto FOCO! Fiquei repondo horário até as sete da noite e quando fui pra balada já tava bem tarde. Depois de pegar um congestionamento leve, paguei o seo Pedro e entrei pela porta dos fundos, primeiramente fui até a sala da Rachel, precisava dar sinal de vida, depois fui pro camarim e como de praxe me sentei ao lado da Priscila, quando fui cumprimenta-la meu celular começou a tocar, apenas beijei sua bochecha e me sentei.

-IDL-

Larissa: chora!

Tati: já chorei, mas de rir

Larissa: para com esses mistérios

Tati: como foi em Milão?

Larissa: normal ué

Tati: ah, normal -riu sarcástica- o jogador foi visto num hotel em Milão, onde compareceu a um evento da marca Replay, acompanhado por uma loira -pareceu ler algo e eu me assustei- suponho que seja você

Larissa: mano -disse pasma e ela riu de novo- tem foto nessa merda? Neymar vai me matar!

Tati: relaxa, só ta a reportagem -respirei aliviada- mas pra quem tava bravinha…

Larissa: vai se foder -a interrompi e ela riu- me manda o link que eu quero ver

Tati: sim senhora

Larissa: era só isso?

Tati: era! Ta na balada?

Larissa: adivinha

Tati: então não vou te atrapalhar mais, affair do ene jota

Larissa: trouxa -riu de novo- manda o link logo, anda! Beijo e tchau -mandei um beijo estalado.

-FDL-

Priscila: o que foi?

Larissa: saiu notícia minha e do Neymar

Priscila: porra -riu e eu comecei a espalhar minhas maquiagens ali, depois de um tempo a tela do celular acendeu e eu fui ver a tal notícia.

Após separação de Bruna Marquezine, Neymar curte Milão com suposta affair

Léo Martinez do EGO, no Rio

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Neymar tem aproveitado a vida de solteiro, após sua separação de Bruna Marquezine ter se tornado pública. Segundo fontes do EGO, no domingo (21), o jogador foi visto num hotel em Milão, onde compareceu a um evento da marca Replay, acompanhado por uma loira.

O resto da notícia falava sobre a vida profissional dele e como eu não estava nem um pouco interessada no assunto, entreguei meu celular pra Priscila.

Priscila: hmmm, loira -ri.

Larissa: você só fala merda mesmo -comecei a me maquiar enquanto ela ria.

Priscila: fizeram as pazes? -assenti- sabia! Quando fiquei sabendo que ele tinha ido no evento já imaginei vocês dois se pegando -rimos, passaram umas minas lá implicando ela e ela só fez apontar o dedo do meio.

Larissa: ele pediu desculpa e tal. Tava me tratando de um jeito tão diferente que eu até gamei

Priscila: gamou a muito tempo Larissa -a encarei com os olhos semicerrados e ela riu.

Larissa: me chamou pra ir pra Barça no fim do mês, estou pensando na possibilidade

Priscila: pensando o caralho, você vai!

Larissa: por mim eu já tinha ido né, mas tem a faculdade e não posso dar mancada agora

Priscila: verdade…

Larissa: mas já to arrumando um jeito de repor as aulas e até o fim da semana respondo pra ele

Priscila: sem cu doce vai, se não te atrapalhar nos estudos pode ir agora -ri.

Larissa: vou mesmo, to com saudade já

Priscila: amiga apaixonada é um porre

Larissa: quem ta apaixonada aqui?

Priscila: eu Larissa, eu -ri balançando a cabeça negativamente. Terminei de me arrumar papeando com ela e assim que estava pronta fui indo pro corredor ali, andei até uma parte escura onde havia as entradas para o palco, parei na frente das duas portas, coloquei a mão sobre o chapéu abaixando um pouco e coloquei a mão na cintura, um minuto depois as portas se abriram e eu levantei o rosto lentamente para os homens que ficaram eufóricos com minha entrada. Sorri apesar de não conseguir ver nitidamente os homens que estavam ali, mas não era hora para isso, dei alguns passos até o centro do palco e comecei a dançar. O que mais gostava de ver eram as caras que os homens faziam quando fazia algo mais ousado, deslizei no poste com as costas e tirei o chapéu, passei em meu corpo parando em meus seios, depois levei ao rosto e em seguida o joguei para um baixinho que quase morreu, ri por dentro com a cena mas minha expressão era a mais séria e sensual possível. Voltei meus movimentos e olhares para ele agora, estava ficando irritada com ele que até agora não fazia nada, só me olhava fixamente, daria tudo pra saber o que ele estava pensando naquele momento. Resolvi ousar mais, apontei para ele e sorri, os amigos dele o levantaram para mais próximo do palco, o segurei pela gravata e como era lindo aqueles olhos, o soltei e logo em seguida sentou-se novamente mas pelo menos consegui tirar um sorriso dele, dei alguns giros no poste e levei a mão aos cordões da saia, ameacei várias vezes tirar e logo depois a tirei ficando só com o shortinho, vários pediram que jogasse a saia para eles de recordação mas eu já tinha escolhido o de hoje… Olhei para ele mais uma vez e joguei a saia pro mesmo, ele pegou a saia e o vi afrouxar o nó na gravata e em seguida tirá-la. Se aproximou aos poucos de mim e ficou esperando eu me aproximar, fiz o que ele queria e deitei no chão onde ele estava esperando, percebi os olhos dele passando em meu decote e na medida que ele ia se aproximando fui notando que já conhecia aquele rosto de algum lugar, quando ele já estava perto o suficiente não cri no que estava vendo.

Larissa: Ruan? -gaguejei, tremi e senti meu chão desabar quando seu olhar mudou de tesão para ódio, fui me afastando enquanto ele subia no palco.
Ruan: diz pra mim que eu to tendo uma visão -me puxou pelo braço quando tentei fugir- você é puta mano, puta? -disse indignado e meus olhos foram se enchendo de lágrima- esses anos todos achando que tu tava indo pra uma casa de família e você vinha dar? -gritou e eu me soltei dele.
Larissa: você não me entende! -falei no mesmo tom que ele, a música já tinha diminuído de volume e todos ali encaravam a situação, Priscila apareceu ali e foi me levando enquanto algumas lágrimas corriam por meu rosto.
Ruan: volta aqui que eu não terminei de falar contigo
Priscila: deixa ela -gritou com ele que riu sarcástico.
Ruan: cala essa boca! Quem é você? Uma vadiazinha que conhece ela a uns dois dias? Pois saiba que eu sou primo dela e não vou aceitar que ela pise aqui nunca mais! -foi cuspindo aquelas palavras quase avançando em nós duas e o Robson, segurança, apareceu ali.
Robson: senhor, mantenha calma ou vai ser preciso que se retire daqui
Ruan: me retire o caralho, só saio daqui com essa dai -me olhou com desdém.
Larissa: fala direito comigo
Ruan: cala a boca sua piranha -Priscila deu um tapa na cara dele que até eu me assustei, os dois começaram a discutir enquanto eu encarava tudo chorando já pensando no que isso ia resultar, Robson foi arrastando ele dali mas ele segurou em meu braço- vem comigo
Larissa: não, eu quero sumir!
Ruan: sumir pra onde porra? -disse começando a chorar, não por tristeza, mas de raiva. Via em seu olhar o quanto tava puto- vem comigo se não vai ser pior! -apertou mais meu braço e eu encarei a Priscila, ela assentiu e eu saí com ele, fui até o estacionamento ouvindo ele me xingar das piores coisas possíveis e só de imaginar como minha família ia ficar me deu um aperto no coração. Quando já estava com a porta do carro aberta Priscila apareceu com minha mochila.
Priscila: relaxa que vai ficar tudo bem -me abraçou- qualquer coisa me liga -enxugou meu rosto, beijou minha testa e eu entrei no carro. Coloquei um vestido que tinha dentro da mochila rapidamente, fui calada o percurso inteiro, o Ruan ia rapidamente pelas ruas, socava o volante do carro e me deixava ainda mais nervosa. Eu tentava conter meu choro mas estava próxima do caos, nunca tive tanto medo como agora. Tudo foi por água abaixo, não, não pode ser verdade. Ele ultrapassou cinco sinais, em tempo de bater o carro, chegamos em casa e eu gelei, minhas pernas viraram gelatinas, meus batimentos aceleraram e eu só pensava em como ia ser daqui pra frente. Ruan saiu do carro e bateu a porta com força, me tirando dos meus pensamentos. Por que logo eu senhor? Por que tudo dá errado? Ele abriu a porta e eu o encarei.

Ruan: anda logo que eu tô sem paciência

Larissa: eu não vou entrar

Ruan: vai sim -me puxou pelo braço, me tirando do carro a força.

Larissa: você tá me machucando -disse com a voz embargada por causa do choro.

Ruan: é pra não fazer outra coisa com você -me arrastou até dentro de casa, bateu a porta com força fazendo um barulho enorme.

Larissa: Ruan, por favor não conta nada a eles -disse aos prantos.

Ruan: CALA A BOCA -meus tios apareceram rapidamente por ali e senti meu coração gelar.

Regina: o que é isso Ruan? Bebeu e ficou maluco? -ele riu irônico.

Ruan: tenho uma coisa pra contar pra vocês -eles desceram e notaram que eu também estava junto.

Sérgio: você não tá no horário de trabalho Lari?

Larissa : é-é -guaguejei.

Ruan: fala, vai -um ódio me subiu, ao mesmo tempo que estava triste minha mão coçava pra ir ao encontro da cara dele- TÁ ESPERANDO EU FALAR? EU FALO!

Larissa: não, por favor

Sérgio: o que tá acontecendo aqui?

Larissa : nada, podem voltar a dormir

Ruan: CONTA

Regina: Larissa você tá chorando? Porque ele tá gritando?

Ruan: achei que no caminho você tinha tomado vergonha na cara, mas pelo visto não

Sérgio: Ruan olha como você fala com a sua prima

Ruan: eu não tenho prima puta

Regina: como é que é?

Sérgio: essa não foi a educação que te demos Ruan -ele gargalhou.

Ruan: a culpa vindo pra mim? A queridinha de vocês que trabalha vendendo o corpo e eu sou o errado

Larissa: CALA A BOCA

Ruan: abaixa o tom de voz -ameaçou vir para cima de mim, meu tio entrou no meio e tirou o Ruan da sala antes que nós pudéssemos matar um ao outro.

Regina: diz pra mim que isso é mentira -eu não conseguia olhar em seu rosto- Larissa, eu tô falando com você

Larissa: Dinda me perdoa -falei em meio ao choro sem fazer contato visual.

Regina: eu não acredito -olhei pra ela que me olhava incrédula- você não precisava disso Larissa, eu sempre disse que te ajudaria

Larissa: mas -ela me interrompeu.

Regina: você me enganou, enganou sua família, tem noção disso?

Larissa: eu não queria fazer isso

Regina: MAS FEZ

Larissa: não é assim

Regina: então como é? -meu tio apareceu ali na sala com o Ruan de novo.

Ruan: ela já contou sobre seu trabalho?

Larissa: ridículo

Ruan: ahhh, então era verdade

Regina: Ruan já chega

Ruan: chega é o caralho, eu não tenho na família puta que ainda por cima é Maria chuteira -eu ia pra cima dele mas meu tio me segurou- solta ela, verdade dói né? Como foi ser putinha pro Neymar?

Regina: Larissa -disse incrédula.

Larissa: o que é? -gritei, senti meu rosto queimar, fechei meus olhos e deixei as lágrimas caírem

Regina: sua mãe vai ficar sabendo disso agora -pegou o telefone de casa, eu fui pra cima na tentativa de tirar o mesmo da mão dela mas em vão, eu não conseguia pensar, me sentia a pior pessoa do mundo,  nunca quis que eles descobrissem dessa maneira trágica. Minha tia saiu da sala e a segui com os olhos até ela entrar na cozinha

Ruan: agora chora né? antes de enganar sua família você não pensou né?

Larissa: seu moleque desgraçado, cala a boca

Ruan: abaixa o tom de voz,  puta merece isso- eu ia responder mas ele entrou pra cozinha, ouvi a voz da minha mãe, meu coração gelou, olhei em direção a cozinha e o Ruan saiu com o telefone na mão,  minha tia apareceu e percebi que ela estava ao celular

xxx: Larissa? - era a voz do meu pai, eu arregalei os olhos e olhei pra minha tia  

Larissa: não, por favor não

Mauro: pega a porra desse telefone agora- olhei pra minha tia e peguei o cel, respirando fundo e colocando no ouvido

Larissa: hum

Mauro: me fala que isso é mentira, Larissa você tem noção do que fez? 

Larissa: é que..

Mauro: você estragou sua vida entrando nessa vida

Larissa: não

Mauro: não? só isso que você tem a dizer?

Larissa: não pai

Mauro: NÃO ME CHAMA DE PAI, A PARTIR DE HOJE NÃO SE CONSIDERE MINHA FILHA, EU TENHO VERGONHA DE VOCÊ- foi o suficiente pra me destruir- tenho nojo por ter criado uma puta- eu não conseguia dizer nada, era ofensa atrás de ofensa, ouvi coisas que eu não desejo que nenhuma filha ouça de um pai, me quebrou, me deixou sem chão mas eu sei que fui a culpada, eu que procurei isso.

Cida: eu não sei o que te falar, só sei que você me decepcionou muito Larissa, me diz pra quê você se rebaixou a isso?

Larissa: e-eu precisava de dinheiro

Cida: sua madrinha sempre quis te ajudar e você recusou pra fazer isso? Você tem noção do quão magoada eu tô?

Larissa : mãe - respirei fundo tentando me controlar e procurando as palavras - eu imagino, só peço que me perdoe, apenas isso

Cida: isso só com o tempo, eu não sei o que faço, eu te criei com tanto amor, fiz o impossível pra te dar tudo e mais um pouco pra você fazer esse papel, garota de programa?

Larissa : mãe

Cida: acho que se eu te visse agora te dava uma boa surra, pois é sua que você tá merecendo- ouvi seu choro e permaneci calada, ouvi meu pai gritando ao fundo- cala a boca, eu tô falando com ela

Mauro: me da, acabou a palhaçada, não aparece aqui ou não sei o que faço contigo, esse dinheiro que você mandava vou te devolver

Larissa : não precisa

Mauro: Cala a boca, eu vou devolver todo esse dinheiro nojento, você é uma decepção

Tava sentada no chão do quarto guardando minhas coisas na mala enquanto meus tios andavam de um lado pro outro, ainda sem acreditar em tudo que tava acontecendo. Depois de um tempo ouvi o Ruan se aproximando e gritando de uma forma que nunca tinha visto e no meio daquele auê todo ele apareceu ali na porta juntamente com a Priscila- ainda bem que você chegou -levantei correndo e fui até ela que me abraçou apertado.

Priscila: não fica assim, eu to aqui! -beijou minha testa e passou a mão por meus olhos, a tentativa era de conter minhas lágrimas mas não funcionou muito.

Ruan: dá pra pararem com a ceninha? Quero as duas fora daqui logo

Priscila: cala a boca cara, cê é escroto

Ruan: piranha me ofendendo dentro da minha própria casa, isso eu não aceito

Priscila: quer que eu te meta a mão na cara de novo? Mauricinho de merda -foi avançar nele mas eu a puxei- me solta! Não vou aceitar esse babaca te tratando assim!

Larissa: para por favor, só tá piorando as coisas -ela o encarou frustrada mas eu puxei seu braço de novo- por mim -senti sua respiração pesar e aos poucos consegui levar ela pra longe do Ruan. Enquanto arrumávamos minhas roupas todos os três iam falando coisas que me deixavam mais magoada ainda, mas nada que superasse tudo o que ouvi dos meus pais. Terminamos e fomos saindo do quarto, Ruan veio com sua arrogância pra cima da Priscila de novo e quase que isso resultou em outra briga mas meu tio arrastou ele pro quarto e trancou a porta, guardei tudo no carro e me aproximei dos meus tios que estavam abraçados e chorando também- olha, ficaram algumas coisas que não dá pra levar hoje -disse enquanto pegava uma última mala que estava no chão- mas já deixei separado e venho buscar o mais rápido possível. Desculpa se magoei vocês ou envergonhei, sei lá, só sei que fiz tudo isso por vocês. Prometo que ainda vão se orgulhar de mim -as frases saíram picadas por conta do choro e do soluço, mas finalmente consegui falar algo "produtivo", eles me encararam sem expressão alguma e era possível notar o desgosto que sentiam de mim- só -pausei e respirei fundo- me perdoem -falei em prantos e quando minha tia ia falar algo Ruan apareceu na sacada.

Ruan: some logo daqui vagabunda -gritou e isso só fez com que meu choro aumentasse.

Priscila: chega, você não merece ficar ouvindo isso -foi me arrastando e eu estendi a mão pro rumo dos meus tios, antes que ela fechasse o portão vi eles se abraçando ainda mais forte e sussurrei "me perdoa" novamente. Entramos no carro e durante o caminho até a casa dela fomos em total silêncio, ela até tentava puxar assunto mas nesse momento a única coisa que queria era chorar e expulsar todo esse misto de sentimentos que estava sentindo, na real eu só queria que eles me entendessem e me aceitassem acima de tudo, mas já que isso não foi possível o melhor é me afastar porque não vou desistir do meu sonho assim tão fácil. Chegamos no prédio dela e carregamos o que deu pra levar até seu apartamento, assim que entramos sentei no sofá e ela me trouxe um copo com água e açúcar.

Priscila: tá mais leve agora?

Larissa: um pouco

Priscila: me conta o que aconteceu -contei tudo pra ela, desde as coisas horríveis que ouvi do Ruan a briga feia que tive com meus pais e é claro que falar sobre isso me fez chorar de novo mas me contive um pouco- cara minha vontade é de ir lá agora e jogar na cara deles a burrada que estão fazendo, você é uma mulher maravilhosa Lari e não merecia ter ouvido um terço do que aqueles monstros cuspiram! Olha -segurou em meu queixo e me fez a encarar- só eu sei o quanto você tem lutado em busca desse seu sonho e também entendo o que passa por ser mina de prostíbulo, mas não desiste, não agora que já tá acabando. Você vai ter um futuro brilhante pela frente e não vai ser esse tropeço que vai atrapalhar sua vida

Larissa: sabe de uma coisa... Em momento algum me arrependo da escolha que tomei, eu sei que tudo isso vai valer a pena quando tiver segurando meu diploma. Não vou ser hipócrita a ponto de dizer que não to magoada com tudo que aconteceu, mas é um risco que eu sempre corri né?! E se pra chegar ao topo, como eu sempre quis, terei que pagar um preço alto, eu estou disposta! Nem esse nem qualquer empecilho vai me fazer perder o foco

Priscila: isso ai amiga, já disse que você é meu orgulhinho e que pode contar comigo pra o que precisar -me abraçou forte e eu me senti acolhida ali. Priscila sempre esteve comigo e eu nunca tive dúvida a respeito de seu sentimento por mim, mas hoje ela me mostrou que realmente estará comigo pra tudo, sei que isso soa melodramático demais mas ela vai ser de onde vou tirar forças de agora pra frente [...] Passamos o resto da madrugada grudadas, eu chorando e fazendo meus dramas, e ela me aconselhando e fazendo carinho, fomos dormir muito depois das cinco e eu prometi pra mim mesma, por tudo que há de mais sagrado, que irei passar por essa luta de cabeça erguida, pronta pra um futuro incerto mas que eu sempre almejei. Acordei com uma dor de cabeça chatinha e quando abri os olhos senti eles arderem, sentei na cama e parecia que tudo o que houve ontem era mentira, meus olhos marejaram e eu respirei fundo, desde o começo sabia que tava correndo esse risco, mas eu juro que tinha a melhor das intenções. Fui até o banheiro e só de pisar no chão sentia pontadas em minha cabeça, puta que pariu, fiz minhas higienes matinais e quando voltei pro quarto Priscila estava jogada na cama- bom dia flor do dia, que bom que acordou. Tinha preparado um almoço pra gente mas como tava desmaiada ai comi sozinha mesmo -riu- vamo lá pra você comer -saiu falando feito louca e eu não tive nem ânimo pra respondê-la- ih, o que foi ein?

Larissa: preguiça e dor de cabeça, muita dor de cabeça -enfatizei enquanto me deitava tampando o rosto.

Priscila: só pra mostrar que sou uma boa amiga vou te ajudar, espera ai -saiu do quarto e eu ri fraco, Priscila é doidinha mas até que eu gosto um pouco dela. Depois de alguns minutos ela voltou e eu percebi cheiro de comida, encarei-a na hora que riu e fez uma cara idiota.

Larissa: mereço!

Priscila: se tiver achando ruim eu posso levar de volta -balancei a cabeça negativamente e agradeci, comecei a comer lá enquanto ela me encarava- seu celular não parou de tocar

Larissa: quem era? -ela balançou os ombros- Priscila da fofoca não se interessou em saber quem era?

Priscila: vai se foder -ri- pode não parecer, mas eu sou uma pessoa educada

Larissa: ah claro, com toda certeza -ironizei e ela fez careta, peguei meu celular no criado mudo e fui ver as ligações, tinham algumas da Rachel e umas milhares do jogador, com certeza Priscila contou a ele, fui no WhatsApp e sorri quando vi as mensagens dele.

Priscila: é o amor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim -cantou e eu apontei língua pra ela- não vai ligar de volta?

Larissa: nem -fiz cara de preguiça.

Priscila: fala com o mlk Laressa

Larissa: não quero -ela revirou os olhos e eu continuei comendo lá.

Priscila: dá um sorriso -falou virando o celular pro meu rumo e eu apontei o dedo do meio com cara de bosta- sorri pra mim gata

Larissa: vai se foder Priscila, to cagada -coloquei a mão no rosto e ela riu- já tirou foto ne? Vadia -riu de novo e eu tomei o remédio, levei as coisas pra cozinha e ajeitei tudo ali, voltei pro quarto indo direto pro banheiro e tomei um banho lavando o cabelo, nada melhor que um bom banho pra lavar a alma! Saí do box secando meu cabelo com a toalha, vesti minhas peças íntimas me encarando no espelho, nem com o banho minha cara amassada e acabada melhorou, ri lembrando de como Ruan me zoava por isso mas resolvi não ficar pensando muito nisso. Voltei pro quarto e a Priscila falava com alguém pelo FaceTime usando fone, me vesti e sentei na cama.

Priscila: chegou, chegou -riu e eu a olhei torto, bicha louca- já to me preparando pra ouvir muitos xingamentos -peguei meu telefone e vi que tinham mais mensagens e ligações dele, como é insistente- tá bom cara -respirou fundo e desconectou o fone- pra você! -veio com o celular pra perto de mim, encarei a tela e o Neymar tava lá com uma cara de quem sabia que tava fazendo merda.

Larissa: odeio vocês -tampei o rosto e olhei pro outro lado, os dois riram e eu bufei.

Neymar: quero falar contigo numa boa po -disse isso e a Priscila meio que me obrigou a segurar o celular, se afastou um pouco e foi mexer numas roupas dela lá- atender ligações e responder minhas mensagens é sempre bom sabia?

Larissa: chato!

Neymar: fiquei preocupado caramba -sorri- Priscila me contou o que rolou, como você tá?

Larissa: bem

Neymar: com essa cara de enterro ai?

Larissa: já dizia o poeta contemporâneo Neymar Júnior: tudo passa -ironizei e ele gargalhou.

Neymar: perde o amigo mas não perde a piada né

Larissa: claro -ri fraco- to um pouco mal ainda sabe?! Sempre tive em mente de chegar neles e contar toda a verdade, mas não esperava que isso fosse acontecer. Me preocupava em não machucar eles e quem mais saiu ferida fui eu -meus olhos marejaram e eu olhei pra cima, evitando que as lágrimas caíssem.

Neymar: tá certo que eu na pele deles não saberia como agir, mas acho que também não era pra tanto. Percebo só pelo seu jeito de ser que você não é fútil como a maioria dessas mina de zona -fiz cara feia e ele riu- ah porra, não me complica! Mas agora cê tem que focar nos seus estudos e mostrar pra eles que todo esforço que teve valeu a pena -assenti e algumas lágrimas escorreram por meu rosto- não chora na minha frente de novo, por favor -ficamos em silêncio enquanto eu me recuperava e ele encarava tudo atento.

Larissa: o mais foda é saber que ainda tenho que voltar pra aquele lugar mesmo depois de tudo que aconteceu

Neymar: voltar pra lá? Tá maluca?!

Larissa: claro, de onde vou tirar dinheiro pra minha formatura?

Neymar: hm, se forma esse ano?

Larissa: sim -respondi sorrindo largamente, porra meu sonho tá prestes a se realizar.

Neymar: mas não vai pra lá mais não -disse sem jeito.

Larissa: eu preciso jogador

Neymar: você confia em mim?

Larissa: não -rimos.

Neymar: é sério, quando vir me ver a gente da um jeito

Larissa: quem garante que vou te ver?

Neymar: eu garanto

Larissa: tadinho -riu.

Neymar: vem, deixa eu cuidar de você -sorriu.

Larissa: tentador, mas...

Neymar: mas nada -me interrompeu- vem que eu sei que tá morta de saudade do pretinho -ri.

Larissa: poderia até ir, mas depois dessa não vou não

Neymar: se eu fosse você não resistiria a mim

Larissa: mas eu não resisto, sorte que estamos longe

Neymar: nesse caso, azar né

Larissa: quase isso -riu.

Neymar: David Brazil vai vir pra cá, vem também

Larissa: colônia de férias?

Neymar: não viu nada. Medina também vai vir

Larissa: opa, agora eu vou

Neymar: ridícula -ri- tem que vir por minha causa

Larissa: figurinha repetida não completa álbum

Neymar: mas serve como moeda de troca

Larissa: exatamente, vou pra Barcelona e tu me ajeita o surfistinha

Neymar: vai se foder -ri- também não quero mais

Larissa: justo agora que eu tava cedendo

Neymar: pode vir sabe, não que eu queira, mas Barcelona é uma cidade super atrativa -rimos.

Larissa: quanto tempo quer que eu fique?

Neymar: posso escolher? -assenti- pra sempre

Larissa: ai que bosta -riu- não exagera

Neymar: um mês

Larissa: para de graça

Neymar: então você escolhe porra

Larissa: tá, vou tentar repor minhas aulas essa semana

Neymar: isso -disse comemorando e eu ri das idiotices dele. Ficamos conversando mais um tempinho lá e só desligamos porque ele tinha treino, espero não estar me precipitando, mas eu to curtindo bastante esse nosso lance.

Priscila: se eu falar que apoio o casal você fica muito brava? -disse segurando o riso.

Larissa: cala a boca sua idiota -joguei o travesseiro na cara dela e a mesma riu- escrota!

Priscila: o que vamos fazer?

Larissa: eu tinha que ir pra faculdade né -ela me encarou- sim, eu tinha -enfatizei- no passado mesmo -rimos.

Priscila: eu ouvi demais ou Medina vai pra casa do Neymar?

Larissa: diz ele que sim, vou tietar bastante

Priscila: grava vídeo pra mim

Larissa: pode deixar

Priscila: mas e ai, pra onde vamos?

Larissa: tenho que ir falar com a Rachel

Priscila: vai sair mesmo? -assenti- e o que vai fazer?

Larissa: não sei. Prometi que esperaria ele dar um jeito, quem sabe entro em alguma empresa grande

Priscila: tem chances né, Neymar é pica grossa -riu e eu acompanhei- mas sai mesmo, aquela realidade não combina contigo

Larissa: nem com você

Priscila: não exagera -ri- eu vou porque quero

Larissa: saudades vergonha na cara

Priscila: sem comentários a respeito -rimos- a gente tem que escolher as roupas pra sua formatura

Larissa: real, falta só um mês e eu to numa preguiça

Priscila: deixa disso

Larissa: são três roupas diferentes, sabia ne?

Priscila: porra, três? Assim tu me quebra

Larissa: os meus tem que ser ainda mais finos que os seus e não to reclamando

Priscila: quer comparar nossas contas bancárias? Cada um compra aquilo que cabe no bolso -disse sabendo que ia me irritar e eu apontei o dedo do meio pra ela- já voltou ao normal, que bom

Larissa: tosca

Priscila: só me ofende

Larissa: vamos ir ou não?

Priscila: vamo porra, me arrumo aqui rapidão

Larissa: sem tomar banho?

Priscila: nem começa -ri.

Larissa: só de pensar que ainda tenho que arrumar essas roupas me da sono

Priscila: se liga -abriu duas portas do guarda roupa e eram todas minhas roupas- muito tempo atoa e sozinha resulta nisso -abri a boca e ela riu- de nada!

Larissa: sério que você existe?

Priscila: sim baby

Larissa: linda, gostosa, amor da minha vida

Priscila: falsa! -rimos.

Larissa: e as suas?

Priscila: levei pro outro quarto -deu de ombros. Ela é tão louca que usou o outro quarto do apartamento pra fazer um closet pra ela, depois no final de tudo a louca de pedra sou eu- agora vou me arrumar -beijou o ombro e saiu do quarto, fiquei lá rindo sozinha e aproveitei o tempinho pra mandar mensagem pra Rachel

Desculpa não ter atendido, a barra pesou 😕

Mais tarde vou ai pra conversarmos

Continuei ali de bobeira até a donzela voltar, me ajeitei e partimos pro shopping. Passamos por várias lojas, desde vestidos mais simples aos mais sofisticados e eu já não aguentava mais bater perna dentre aquelas lojas, incrível como coisas mínimas me faziam lembrar da minha família mas preciso me manter forte pra continuar na batalha. No final da tarde comemos no Subway e antes de irmos pra casa dela pedi que passasse na boate, ela parou lá na porta e eu engoli seco, senti um arrepio percorrer todo meu corpo e fui descendo de vagar, as palavras do meu pai martelavam minha cabeça e quando passei pela porta senti aquele cheiro de álcool tomar minhas narinas, esse lugar é realmente podre mas fazer o que se foi graças a isso tudo que hoje alcancei onde cheguei. Fui rapidamente até a sala da Rachel, bati na porta e ela perguntou quem era- sou eu, Larissa

Rachel: entra! -abri a porta e ela girou na cadeira naipe filme americano- ora ora -riu sarcástica e se levantou- fiquei preocupada com aquele maluco que veio te perturbar aqui ontem. Nunca pensei que você ia deixar algum cliente insatisfeito...

Larissa: ele não era meu cliente -disse pausadamente a interrompendo e impedindo que começasse a puxar meu saco. Essa ironia e soberba dela me dão nojo, na verdade ela em si me enoja- vou direto ao ponto porque não gosto de rodeios -sua expressão mudou e ela sentou, acendendo pra que eu me sentasse também- vou sair da balada -fui curta e grossa, ela só não ficou mais pálida porque não tinha mais lugares pro sangue correr.

Rachel: q-que? Sair da balada? Mas porque?

Larissa: sempre disse que minha passagem por aqui era provisória, agora chegou minha hora

Rachel: você só pode tá brincando -riu sem humor.

Larissa: não, não estou! E se puder agilizar as coisas, serei grata

Rachel: sempre muito abusada -balançou a cabeça negativamente- quero um motivo convincente pra sair daqui

Larissa: eu não preciso te convencer a nada Rachel, só me passa o dinheiro que falta, preciso ir embora -ela bufou e ainda fez mais algumas mil perguntas antes de me entregar o dinheiro, contou tudo na minha frente e ordenou que um dos seguranças me acompanhasse até a saída, cheguei até o lado de fora e entrei no carro da Pri- alguém tem álcool em gel pra eu me desinfectar? -riu.

Priscila: falou com a serpente? -assenti- e aí?

Larissa: quis botar um ovo né, tá perdendo a estrelinha da vida dela

Priscila: clima lá hoje não vai estar nada legal

Larissa: tá, tá -liguei o som e fez um barulho mega alto- qual seu problema mano?

Priscila: gosto de música alta, posso? -rimos e eu abaixei o volume.

Larissa: passa lá em casa pra pegar o resto das coisas

Priscila: sua casa agora é a minha casa

Larissa: você entendeu né fofa -fomos o caminho todo com ela cantando, quando chegamos na porta de casa só ela entrou e não demorou muito.

Priscila: que seu primo é um gostoso eu não posso negar, mas também é um pau no cu -ri.

Larissa: Priscila! -falei a repreendendo.

Priscila: to falando sério mano, não sei como suportava

Larissa: ele é de boa -sorri.

Priscila: vamos mudar de assunto antes que você comece a chorar de novo

Larissa: ah nem é pra tanto assim

Priscila: não né, claro que não. Só da pra encher o Cantareira -gargalhei.

Larissa: você é podre garota -no trajeto até a casa dela fomos gravando alguns snaps e eu não conseguia parar de rir dessa idiota. Quando chegamos subimos com muita dificuldade tudo o que estava no carro e como ela tinha que ir pra balada fiquei lá sozinha ajeitando minhas coisas.

Hello, bom primeiro quero agradecer aos comentários e pedir desculpa pela demora.. Mas está aí mais um capítulo, ficamos felizes com cada comentário elogiando a fic, como podem vê logo temos Larissa em terras Catalães.
Comentem bastante, beijos.
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Gabriella @vivonjr
Karen @brilhaneymar